quarta-feira, outubro 29

Crônica do dia após Tsunami


Depois de ficar a noite inteira a pensar em um país distante - lá do Oriente -, para desopilar vou brincar de "Confissões no Espaço Vazio". Hoje cedinho pela manhã, já vencida pelo sono , estive vagando, pensando e lendo sobre o "vazio". Dai, a grande conclusiva ideia vem me do facto de, se o vazio não existisse, nada seria, porque é preciso um lugar onde se descarregue o negativo. Com efeito, tudo o que existe está num lugar que lhe é reservado para desoprimir. Outrossim, uma vozinha embalando-me na soneira do cansaço, veio me recordar de encontrar o meu lugar já conquistado, não ter medo dos momentos vazios que a vida me possa oferecer. 


Em conformidade, não esquecendo do que já disseram sobre o tambor que faz muito barulho mas é vazio por dentro e que mesmo onde você enxerga o vazio, pode ter gente dentro, relaxei com objetivo de dormir sossegadamente. Mas também, de tanto que permanecera no tempo vazio, fui em busca de preencher o dito. Dai, peguei o que alcancei primeiro, li alguma coisa sobre as "Confissões de Ana Carolina". Coisinha boba ou não para aqueles momentos vão? Bem, não importava muito, queria mesmo era sossegar... 

Envolvi-me na erudição da poeira sacudida do livro, onde a causadora da invenção vai ao próprio âmago de seu ser, em certas alturas confessa:


" Era uma vez
Uma menina-mulher independente que percebeu 
Que em sua vida faltava alguma coisa. 
Ela estava cansada de beijos sem sentimento, carícias sem motivo 
Sexo sem compromisso... 
Ela sabia que estava sofrendo por isso 
Mas esperava insistentemente que o príncipe encantado viesse salvá-la.

Um dia perguntei a ela
"Como é esse seu príncipe encantado?"
Eis o que ela me respondeu:
"Ele não deve existir....
ou, se existir, deve estar muito longe de mim...
Imagino que seja um homem maduro, inteligente, divertido
Que saiba me tratar como eu mereço
Que me sacie com carinhos, beijos e muito amor
Que acompanhe meu ritmo noite e dia
Que entenda de poesia e possa fazer nas horas mais inusitadas
E que seja ousado... "
Diante dessa confissão, me questionei
Se a princesa estaria sendo exigente demais
Ou se realmente esse príncipe existe....
Ela continua procurando!".

Então..., tudo extraviou-se. Percebi que no vazio da cerne, o âmago da questão não estava sendo compreendido, e que a natureza recusa o seu vazio. Como e se assim é, pedi ao Divino, que me desse a coragem de continuar considerando esse vazio como uma plenitude. Assim, pedido feito e concedido. Logo, veio o sono que combateu o desânimo e a letargia. Afinal, bons pensamentos chegaram concluindo, espaço vazio é espaço nunca desperdiçado. 

Presentemente, em virtude de, saúdo a estudiosa Lya Luft que aduz: "... Um anjo vem todas as noites: senta-se ao pé de mim, e passa sobre meu coração a asa mansa, como se fosse meu melhor amigo. Esse fantasma que chega e me abraça (asas cobrindo a ferida do flanco) é todo o amor que resta entre ti e mim, e está comigo. acho que a vida é um processo... É como subir uma montanha. Mesmo que no fim não se esteja tão forte fisicamente, a paisagem visualizada é melhor... Penso em ficar só, mas minha natureza pede diálogo e afeto."
Em suma. EU SOU!.

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