quinta-feira, outubro 30

Como se fosse " A Hora da Estrela"

Já que sou, o jeito é ser. E sou!

Escrevo neste instante com prévio pudor por vos estar invadindo com tal narrativa tão exterior e explícita. Ainda me fazendo ousada, pois quando a razão vem fulminante, expele aquele que lhe é pusilânime, sem nada mais medir. A história - determino com falso livre arbítrio - vai ter personagens e eu sou um dos mais importantes deles, é claro. Eu e tu [...] Junto a uma extrema sensibilidade e racionalidade que dói-me tudo... E lhe é bem feito, pois quis ser ousada e viver ou ser diferente do que a madrasta vida já te impunha que seja...

Cito que pouco gosto do “calhar". Sou do tenho certeza, gosto, quero, vivo completamente, ate sangrar se preciso for. E sem melodramas, digo que estou sangrando agora. Mas, e dai? Não me presto a insignificâncias e nem tão pouco a putrefação. Antecedentes meus do escrever? sou [...]um ser que, no caso,  nem serve para citar gêneros que difere da obscuridade.

E tu..., que tanto avanças como recuas, ao sabor de uma corrente que não mais controlas, vives numa hesitação imprudente que te amarra a uma saudade que te agarra pelos teus poucos cabelos, arrastado à força para outros lugares que te escondes dos outros. Ao sabor da tua ondulação interior. Vens e te mostras disfarçado como amante, para que o amor não te possa reconhecer. Te ocultas, covarde, para que não te impeçam de fugir. De ti próprio, em rumos aleatórios, com os outros a servirem de bodes expiatórios para as viagens que recusas em prática, mas, te servem para teoria como argumentos nessa tática que te esquivas para outros portos em busca de respostas às perguntas que não ousas vivenciar, até mesmo verbalizar.

Viaja enclausurado na mais absoluta escuridão, refém do coração que te apaga a luz do discernimento e ilumina cada momento com clarões coloridos de visões dos amores que dás por perdidos. Tão perdidos como tu, que viajas sem saberes por que e te afastas aos poucos de todos os pontos de referência gravados na consciência que te alerta em vão quando já foste  longe demais.

Então és assim..., encontras-te as sós com os fantasmas que acreditas possuíres a explicação para este impulso que te trai para essa esperança que se esvai repartida na bagagem que reclamas como perdida entre os achados nas respostas que jamais saberás interpretar. Viajas para procurar um espaço por preencher no vazio das tuas [demasiadas] interrogações.

Que mais? Sou diferente, única e especialmente inalcançável para o que corrói lentamente. Agora já entendi. O destino de uma mulher é ser mulher. E que mulher! Intuíra o instante quase dolorido e esfuziante do desmaio do amor. [...] Estrela de mil pontas. O que é que eu estou vendo agora é e que me assusta? Vejo que ela vomitou um pouco de sangue, vasto espasmo, enfim o âmago tocando no âmago: vitória! Vitória sim..., embora amarga! 

No fundo ela não passara de uma caixinha de música meio desafinada. 
Eu vos pergunto: - qual é o peso da luz?  E agora - agora se eu fumasse, só me restaria acender um cigarro e ir para casa. Mas, eu não fumo! E  sempre questionei o fato de quem pratica o  vício do fumo, ainda mais quando sabe que está a ser irresponsável consigo mesmo... Dai, é raciocinar e  concluir sem  sombra de dúvidas... Afinal, o que se pode esperar de pessoa assim? 

Meu Deus, só agora me lembrei que a gente morre. Mas - mas eu também?! Sim, eu também! Vai um bocado  grande de mim nisso tudo, contudo não esqueço que nada se perde quando nada se tinha. Entretanto, me recordo que melhor será nunca esquecer. Não esquecer que por enquanto é tempo de morangos. Enfim, descobrimos, descubro agora, que tudo começa e acaba com um sim. Conheço muito bem isso. Sei que também é preciso coragem para morrer, e este tipo de morte não morrida, já  bem conheço. Então, silêncio para ouvir o grito da vida. 

Quando penso em ti quase nada abala. A dor vem quando penso em um nós que não chegou a existir. O ar da realidade é um veneno que me entorpece, me impede de sentir o cheiro do que é felicidade, ou pelo menos do que foi e não mais. Estou perdida num caminho que eu pensei conhecer bem. Estou perdida dentro do meu coração. 
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Tem gente que se esquece do valor das coisas, mas eu não vou te esquecer. Cada um sabe o que é valioso pra si, o que conquistei de ti, me pertence! Antes de qualquer coisa não pense que seja um mérito seu, não te esquecer é minha  opção pessoal. 

Costumo prezar por intenso tudo que escolho, até mesmo quando ainda são sementinhas... É como sou, honro minhas lembranças e por isso não desprezo o tempo que dediquei para alguém. Não ignoro as horas que pensei bem de ti, os sonhos que tive  e os poemas que escrevi... Apesar de.


Nota: Crônica em torno de trechos extraídos do livro "A Hora da Estrela" de Clarice Lispector. Quanto a caracterização de parte da escrita ser exposta em negrito, peço desculpas aos leitores.

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