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"De
repente um silêncio. Uma ausência completa de certezas. Aos meus pés,
um novo caminho, uma estrada desbotada, esperando pela cor dos meus
passos. Um de cada vez, agora. A pressa despediu-se e partiu, deixando
em mim a inédita possibilidade de viver sem dor. Desapego. Perdas
necessárias para que seja possível haver espaço para o novo. O novo
olhar sobre as mesmas coisas, o novo respirar dos mesmos ares, o novo
querer sobre as mesmas vontades. Um momento nunca antes sonhado, nem
sequer previsto.
Tudo diferente. Um script alheio a essa história, que
já me parecia tão precocemente escrita. Palavras novas. O papel em
branco desejando ser preenchido. As horas, tão longas agora, trazendo de
volta as chances que desperdicei. Pouco tempo pra sonhar. Poucos sonhos
tornados realidade. E no vazio da minha vida, vou procurando sentido
para tudo que ainda há de ser. Resgato em mim a força, quase perdida; a
esperança, quase morta; a fé, quase adormecida. Sigo firme, embora
sabendo muito pouco. Aceito, com a serenidade que me é possível manter, o
recomeço, a nova etapa, o singelo recado da vida. Do futuro, admito
nada saber. E reconheço, sem ao certo entender como, que aquele livro
chegou ao fim. Mais que uma página virada, uma história que teve seu
ciclo terminado. Sobre as incertezas todas, construo meu universo de
possibilidades. Sabendo, enfim, que a única opção é continuar…"
Por: Francisca Araújo apud Saraswati.
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