quinta-feira, outubro 4

Me orgulho de ser cearense, apesar de... (segunda parte)

A civilização do couro - As condições naturais da região sertaneja do meu Ceará, tiveram um papel importante na ocupação do território. Desde o século XVII, o sertão tornou-se um grande pasto natural, embora a água fosse escassa, a terra era vasta e plana. Toda sua produção de carne e couro era consumida na Colônia, chegando aos centros mais distantes por meio das tropas de abastecimento. A vastidão do território e a utilização de pouca mão-de-obra para tocar a produção proporcionaram a criação de uma cultura regional bastante diferente da litorânea, conhecida como "cultura sertaneja" ou "civilização do couro".


As secas, embora sendo um fenômeno natural, afetavam a vida dos habitantes da região e, por isso, também são considerados acontecimentos históricos. Algumas delas tiveram destaque maior devido à sua intensidade, às medidas adotadas em relação ao problema ou ao seu resgate pela literatura. São os casos das estiagens de 1791 a 1793, de 1877 a 1880, de 1915, de 1932 e de 1979.


Em função das secas no sertão, formou-se a idéia de que a região era um problema nacional e que, para solucioná-lo, necessitava-se do envolvimento de todo o país. Tal preocupação, porém, tem uma história particular, marcada pelos interesses econômicos da nossa elite nordestina. Com o declínio na produção do Nordeste, no final do século XIX, as elites usaram a seca como desculpa para garantir a continuidade dos investimentos públicos e privados na região.


Todos estes acontecimentos fizeram com que os nossos sertanejos, não alheios à própria história, partissem em busca de respostas para as difíceis condições em que viviam. Além do trabalho e da migração na busca de sobrevivencia, eles também se expressaram por meio de movimentos messiânicos – como o de Canudos (1897) e o de Juazeiro do Norte (1872 a 1924) –, do cangaço e da organização dos camponeses.

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