domingo, novembro 21

"Inscrição" de Cecília Meireles


"Sou entre flor e nuvem,
estrela e mar.
Por que havemos de ser unicamente humanos,
limitados em chorar?
Não encontro caminhos
fáceis de andar
Meu rosto vário desorienta as firmes pedras
que não sabem de água e de ar
E por isso levito.
É bom deixar
um pouco de ternura e encanto indiferente
de herança,em cada lugar.
Rastro de flor e estrela,
nuvem e mar.
Meu destino é mais longe e meu passo mais rápido:
a sombra é que vai devagar".
[Cecília Meireles in "Inscrição"]
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É tão rico..., tão profundo este poema. É o lirismo de Cecília Meireles  em foco, o mais elevado da moderna poesia de língua portuguesa. 
Na composição poética, tudo indica que a poetisa qualifica a condição de sermos humanos, colocando-nos entre os limites das lágrimas. Por exemplo, quando a poetisa indaga: 
- Por que somos "unicamente", apenas, tão-somente... humanos?
- Por que...? 
- Por que havemos de ser...?
É desse modo que, caracteriza o quanto somos limitados em chorar. Ora, quem sofre, quem chora, quem se contrai em dores dentro si e não vê saída ou solução para o seu pesar, não vê outra senão chorar. São as convicções interiores acerca da vida, do eu... Convicções estas que, no entanto, não têm a ver com o mundo de água e ar, com o mundo físico. Ela leva-nos a entender por meio dos sentidos que deveríamos ser capazes de ir além das lágrimas. Assim, se lamenta. É o lamento de todos nós...

quinta-feira, novembro 18

A homenagem da Câmara Municipal de Porto Velho a José Valdir Pereira


Jean Oliveira e José Valdir
Foto: Vereador Jean Oliveira, autor da homenagem e o poeta Jose Valdir Pereira
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 "A grandeza não consiste em receber honras, mas em merecê-las". 
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A frase do filosofo grego Aristóteles foi lembrada na manhã de terça-feira, no plenário da Câmara Municipal de Porto Velho, pelo poeta, escritor e professor José Valdir Pereira ao receber o título de Cidadão Honorário, proposto pelo vereador Jean de Oliveira (PSDB) em reconhecimento à extensa folha de serviços prestados à Capital, principalmente a frente da Academia de Letras de Rondônia.

Repercussão

Autoridades, amigos, parentes e membros da Academia de Letras de Rondônia enfatizaram a importância da atuação de José Valdir Pereira que adotou Porto Velho desde os seus 6 anos de idade, mais precisamente no ano de 1958. 
Foto: O poeta é cumprimentado pelo presidente da Academia de Letras de Rondônia, 
jornalista Lúcio Albuquerque e pelos Acadêmicos Yedda Borzacov e Euro Toutinho
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Segundo o vereador Jean Oliveira, a Câmara Municipal faz uma justa homenagem a José Valdir Pereira, sócio fundador da Academia de Letras de Rondônia, poeta e escritor brasileiro, que possui larga experiência como educador e escritor. Ele já publicou 8 livros e 5 inéditos, sendo 5 de poesias, dois ensaios e um de História. Os inéditos são: três de poesias, um romance e um de contos.
 
Foto: Mesa da Câmara Municipal de Vereadores de Porto Velho, 
na ocasião da entrega do título de Cidadão Hororário do Município ao poeta
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O presidente da Academia de Letras, Lúcio Albuquerque, destaca a homenagem a José Valdir, pessoa chave no desenvolvimento do Estado. “Ao conceder a José Valdir esse título, a cidade está fazendo justiça a um trabalho nobre, que tem por objetivo, contribuir para futuras gerações. Ele é um cidadão que chegou para fazer a diferença, é um homem de boa vontade e de um grande trabalho digno da homenagem. Como membro da Academia, destaco a iniciativa desta Casa em homenagear pessoas que têm um passado vitorioso e de grande importância para a cidade e o Estado”, disse Lúcio. 

NOTA: Aqui deixo registrado o agradecimento que fiz, encontra-se exposta na página do poeta homenageado.

Prezado mano e poeta Valdir,
Sem dúvida, ser reconhecido como "Cidadão Honorífico" de um município, não será feito para qualquer pessoa. Assim, venho expressar, na qualidade de tua irmã, fiquei lisonjeada com esta grande homenagem que recebeste da Câmara Municipal de Porto Velho. Sei que sempre levantastes a bandeira em prol deste Estado de Rondônia, portanto, o reconhecimento se faz jus! 

Obrigada e parabéns meu irmão, que nosso Deus continue iluminando teus passos e daqueles que sabem reconhecer e fazem a História desta Região que tanto amamos.  

Uma homenagem a Rachel de Queiroz - Resumo do seu romance: "O Quinze"

Cearenses prestam homenagem a Rachel de Queiroz em seu centenário 
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"Lançamentos de livros, premiação, sarau literário, sessão solene, passeio à fazenda Não-Me-Deixes são algumas das homenagens à escritora cearense Rachel de Queiroz (1910-2003) que, se viva estivesse, completaria 100 anos de idade [ontem, 17 de novembro de 2010]. Primeira mulher a entrar para a Academia Brasileira de Letras, em 1977, Rachel, além de escritora, foi jornalista, diplomando-se em 1925, aos 15 anos de idade". 
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Estreou em 1927, com o pseudônimo de Rita de Queiroz, publicando trabalho no jornal "O Ceará", de que se tornou afinal redatora efetiva. Em fins de 1930, publicou o romance "O Quinze", que teve inesperada e funda repercussão no Rio de Janeiro  e em São Paulo. Com vinte anos apenas, projetava-se na vida literária do país, agitando a bandeira do romance de fundo social, profundamente realista na sua dramática exposição da luta secular de um povo contra a miséria e a seca. 
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Nasceu em Fortaleza-Ceará, em 17 de novembro de 1910 e faleceu no Rio de Janeiro em 4 de novembro de 2003. Foi eleita para a Academia Brasileira de Letras em 4 de agosto de 1977 e recebida em 4 de novembro de 1977 pelo acadêmico Adonias Filho.
[Baixe o Livro completo]
Primeiro Plano - Vicente e Conceição
O primeiro e mais popular romance de Rachel de Queiroz é O Quinze. O título se refere a grande seca de 1915, vivida pela escritora em sua infância. O romance se dá em dois planos, um enfocando o vaqueiro Chico Bento e sua família, o outro a relação afetiva de Vicente, rude proprietário e criador de gado, e Conceição, sua prima culta e professora.

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Conceição é apresentada como uma moça que gosta de ler vários livros, inclusive de tendências feministas e socialistas o que estranha a sua avó, Mãe Nácia - representante das velhas tradições. No período de férias, Conceição passava na fazenda da família, no Logradouro, perto do Quixadá. Apesar de ter 22 anos, não dizia pensar em casar, mas sempre se "engraçava" à seu primo Vicente. Ele era o proprietário que cuidava do gado, era rude e até mesmo selvagem.

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Com o advento da seca, a família de Mãe Nácia decide ir para cidade e deixar Vicente cuidando de tudo, resistindo. Trabalhava incessantemente para manter os animais vivos. Conceição, trabalhava agora no campo de concentração onde ficavam alojados os retirantes, e descobre que seu primo estava "de caso" com "uma caboclinha qualquer". Enquanto ela se revolta, Mãe Nácia à consola dizendo: "Minha filha, a vida é assim mesmo... Desde hoje que o mundo é mundo... Eu até acho os homens de hoje melhores."
Vicente se encontra com Conceição e sem perceber confessa as temerosidades dela. Ela começa a trata-lo de modo indiferente. Vicente se ressente disso e não consegue entender a razão.

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As irmã de Vicente armam um namoro entre ele e uma amiga, a Mariinha Garcia. Ele porém se espanta ao "saber" que estava namorando, dizendo que apenas era solícito para com ela e não tinha a menor intenção de comprometimento. Conceição percebe a diferença de vida entre ela e seu primo e a quase impossibilidade de comunicação. A seca termina e eles voltam para o Logradouro.

Segundo Plano - Chico Bento e sua família

Sem dúvida a parte mais importante do livro. Apresenta a marcha trágica e penosa do vaqueiro Chico Bento com sua mulher e seus 5 filhos, representando os retirantes. Ele é forçado a abandonar a fazenda onde trabalhara. Junta algum dinheiro, compra mantimentos e uma burra para atravessar o sertão. Tinham o intuito de trabalhar no Norte, extraindo borracha.

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No percurso, em momento de grande fome, Josias, o filho mais novo, come mandioca crua, envenenando-se. Agonizou até a morte. O seu fim está bem descrito nessa passagem:
"Lá se tinha ficado o Josias, na sua cova à beira da estrada, com uma cruz de dois paus amarrados, feita pelo pai. Ficou em paz. Não tinha mais que chorar de fome, estrada afora. Não tinha mais alguns anos de miséria à frente da vida, para cair depois no mesmo buraco, à sombra das mesma cruz."

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Uma cena marcante na vida do vaqueiro foi a de matar uma cabra e depois descobrir que tinha dono. Este o chamou de ladrão, e levou o resto da cabra para sua casa, dando-lhes apenas as tripas para saciarem. Léguas após, Chico Bento dá falta do seu filho mais velho Pedro. Chegando ao Aracape, lugar onde supunha que ele pudesse ser encontrado, avista um compadre que era o delegado. Recebem alguns mantimentos mas não é possível encontrar o filho. Ficam sabendo que o menino tinha fugido com comboeiros de cachaça. Notem: "Talvez fosse até para a felicidade do menino. Onde poderia estar em maior desgraça do que ficando com o pai?"

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Ao chegarem no campo de concentração, são reconhecidos por Conceição, sua comadre. Ela arranja um emprego para Chico Bento e passa a viver com um de seus filhos. Conseguem também uma passagem de trem e viajam para São Paulo, desistindo de trabalhar com a borracha.

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O mais famoso livro de Rachel de Queiroz é mediano com alguns bons momentos.

quarta-feira, novembro 17

"Há momentos na vida em que sentimos tanto... que o que mais queremos é ..."

"Existem pessoas que aderem à tatuagem como moda, e outras para marcar algum momento da sua vida. Hoje ela é reconhecida por vários motivos". Seja como um símbolo para pessoas que querem fazer parte do mesmo grupo, ou para que as pessoas possam eternizar seu gosto pela arte, ou como forma de "expressão" de uma Plena Mulher.

É o que aconteçe agora... Quando me meto a ouvir canções do Chico Buarque de Holanda, não dá outra, aflora saudades..., vem a maior "expressão" de sentimento. Sem esquecer que [quando Chico compõe, está  retratando costumes, idéias, valores de cada época vivida [é considerado um dos artistas mais ativos na crítica política e na luta pela democratização do Brasil]. Como "Tatuagem", ninguém lhe diz que isso ou aquilo é ruim, porque tem sua discografia completíssima, desde que iniciou a sua carreira até hoje.

Mas..., voltando à música que ouço e que enche-me de saudades... Foi assim, ouvindo tatuagem que senti muitas saudades...
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"Quero ficar no teu corpo feito tatuagem
Que é pra te dar coragem
Pra seguir viagem
Quando a noite vem
E também pra me perpetuar em tua escrava
Que você pega, esfrega, nega
Mas não lava..."

[Tatuagem - Interpetação visceral de Elis Regina para o clássico de Chico Buarque]
[Composição de Chico Buarque - Ruy Guerra/1972-1973]

quarta-feira, novembro 10

O escritor e poeta José Valdir Pereira será condecorado em Sessão Solene

José Valdir Pereira recebe o título de Cidadão Honorário, 
a maior honraria e comenda que um município concede a um cidadão.
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Sempre que tenho oportunidade, referencio pessoas pelas quais contribuem efetivamente para melhorar a qualidade de ensino e de vida dos cidadãos.
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Hoje, faço uma justa homenagem a José Valdir Pereira, sócio fundador da Academia de Letras de Rondônia, poeta e escritor brasileiro, que será condecorado em Sessão Solene, no plenário da Câmara Municipal, aqui em Porto Velho-Rondônia, onde viverá mais uma de suas noites históricas, na próxima terça-feira, 16 de Novembro.

Rondônia ganhou um ilustre cearense, vindo de Várzea-Alegre e que já correu meio mundo em defesa da Educação e construção social, por assim dizer. Nasceu em 19 de janeiro de 1952, num lugar belíssimo e bucólico, sítio, intitulado Coqueiro pertencente à familia. Tem seu Estado civil como solteiro; Profissão:consultor técnico em planejamento e em financiamento, além de ser poeta e escritor, o que não constitui profissão, mas vocação.

José Valdir Pereira possui
larga experiência como educador  e escritor. Já publicou 08 livros e 05 inéditos, sendo 05 de poesias, dois ensaios e um de História. Os inéditos, são: três de poesias, um romance e um de contos. O resultado de sua trajetória é fundamental para todos aqueles que produzem, criticam, estudam e valorizam a construção de uma História, ou simplesmente gostam de um bom romance!

Na condecoração, certamente haverá palco para expositiva do enveredamento do Mestre do romance para contar sobre sua vivência em Porto Velho, capital do Estado. Para quem não tem conhecimento, José Valdir sempre marcou sua apresentação com fatos importantes para a História rondoniense. No decorrer de sua trajetória, por exemplo, teve a honra de receber uma carta da neta de Marechal Rondon, pela qual notifica na mesma, a gratificação de saber, mais uma vez, que a dedicação de seu avô, não foi em vão na Região Norte.  

Em uma de suas obras publicadas, a saber: "Rondônia: de Pedaço em Pedaço, uma História"(2006), excursiona pelos grandes nomes de ilustres protagonistas que fizeram parte das “Minhas Confissões a Ti, Rondônia”, tais como os governadores Humberto da Silva Guedes e o Cel. Jorge Teixeira de Oliveira, Dr. Jacob de Freitas Atallah, o Professor Amizael Gomes da Silva e o Profº. Vitor Hugo, entre outros, mostrando continuidades e diálogos surpreendentes. Esta obra "... reflete o que é e não mais parece ser. Reflete a caminhada e não mais os intervalos”, afirma. 

Assim, cá deixo minha  mostra de respeito e veneração, exponho que o  assunto pode não ser novidade - afinal, vários outros literários já fizeram referencia à matéria abordada na obra do próprio Profº. Valdir.  Porém, nem por isso, a cortina deixará de causar sensação na imprensa e nos convidados que se farão presentes. E o motivo é simples: não é todo dia que um cidadão romancista decide se entregar a construção de uma História. José Valdir Pereira fez e, ainda faz com originalidade e inteligência, porque é assim que um romancista teoriza: conservando com ciúme sua própria linguagem, e fugindo como da peste do jargão dos eruditos.

PARABÉNS CARO IRMÃO E POETA JOSÉ VALDIR PEREIRA!

Em nome de nossos pais, todos os queridos, receba os merecidos cumprimentos. Estás certo de que nos orgulhamos de ti, por tudo que foste, pelo que és e sempre representarás para os que conhecem tua trajetória. A homenagem é, se faz jus, uma prova da tua sagacidade, compromisso e amor para conosco e todo o povo deste Estado de Rondônia! 

segunda-feira, novembro 8

Vida... Cada rosto é um espelho de um desejo de ser, de ter...Vida...Vida!

Somos maquinistas, somos condutores, somos passageiros e passamos..., muitas vezes pelos mesmos lugares, sem darmos conta das particularidades, do cotidiano..., do tempo que passa...

Andamos às pressas, somos só mais um na imensa multidão, sem percebermos  a intempestiva invocação...
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"Pelas ruas da cidade
Pessoas andam num vai e vêm.
Não veêm o cair da tarde;
Vão nos seus passos como reféns
De uma vida sem saída;
Vida sem vida... Mal ou bem..."

E tudo acontece no limiar da surdez..., os habitantes espalhados pelas ruas e praças da aprazível tolerância do ancião. Talvez pela virtude conjunta do seu valor material com o seu significado espiritual...

"Pelos bancos desses parques
Ninguém se toca sem perceber
Que onde o sol se esconde,
O horizonte tenta dizer
Que há sempre um novo dia.
A cada dia em cada ser".
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Somente uma palavra da boca se emitiria, ao menos um simples som primário bastaria, para que o método de simplicidade suprema, fosse logo aprendida pelos sobreviventes. Estes entenderiam...
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"Não é preciso uma verdade nova,
Uma aventura pra encontrar
Nas luzes que se acendem,
Um brilho eterno e dar as mãos
E dar de si além do próprio gesto,
E descobrir feliz que o amor
Esconde outro universo".
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Notar uma custódia que é sempre bem acolhida pelo obsequiado e, mas, sem nada esperar, perplexos, com gestos de impaciência, quase de pecar insubordinação, não sendo capaz de reprimir suas quimeras, sujeitos se desgastam e coexistem...
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"Pelos becos, pelos bares,
Pelos lugares que ninguém vê,
Onde há sempre alguém querendo
Uma esperança: Sobreviver.
Cada rosto é um espelho
De um desejo de ser, de ter".
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Já habituados aos exageros sensoriais da vida, por assim dizer, pela virtude conjunta dos seus valores, principiam orações, se interrompem e quase gritam, valiosos gritam... 
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"Não é preciso uma verdade nova,
Uma aventura pra encontrar
Nas luzes que se acendem,
Um brilho eterno e dar as mãos
E dar de si além do próprio gesto,
E descobrir feliz que o amor
Esconde outro universo".
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Na calmaria, descobrem que há momentos em que a miragem do corpo não exprime senão a dor de uma alma, que escondida, poderia até estar inteiramente nua... mas, está é retendo a mirada sôfrega...
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"Cada rosto é um espelho
De um desejo de ser, de ter.
Mas,talvez, quem sabe por
Essa cidade passe um anjo"
No final, decidem justapor o abandono do corpo que não exprime senão a dor de uma alma, ainda que o foco permaneça no campo das consequências, reações e atitudes...
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"Quem sabe, passe um anjo...
E, por encanto, abra suas
Asas sobre os homens
E dê vontade de se dar
Aos outros sem medida,
A qualidade de poder viver.
Vida... Vida...Vida... Vida..."