"Sou entre flor e nuvem,
estrela e mar.
Por que havemos de ser unicamente humanos,
limitados em chorar?
Não encontro caminhos
fáceis de andar
Meu rosto vário desorienta as firmes pedras
que não sabem de água e de ar
E por isso levito.
É bom deixar
um pouco de ternura e encanto indiferente
de herança,em cada lugar.
Rastro de flor e estrela,
nuvem e mar.
Meu destino é mais longe e meu passo mais rápido:
a sombra é que vai devagar".
estrela e mar.
Por que havemos de ser unicamente humanos,
limitados em chorar?
Não encontro caminhos
fáceis de andar
Meu rosto vário desorienta as firmes pedras
que não sabem de água e de ar
E por isso levito.
É bom deixar
um pouco de ternura e encanto indiferente
de herança,em cada lugar.
Rastro de flor e estrela,
nuvem e mar.
Meu destino é mais longe e meu passo mais rápido:
a sombra é que vai devagar".
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É tão rico..., tão profundo este poema. É o lirismo de Cecília Meireles em foco, o mais elevado da moderna poesia de língua portuguesa.
Na composição poética, tudo indica que a poetisa qualifica a condição de sermos humanos, colocando-nos entre os limites das lágrimas. Por exemplo, quando a poetisa indaga:
- Por que somos "unicamente", apenas, tão-somente... humanos? - Por que...?
- Por que havemos de ser...?
É desse modo que, caracteriza o quanto somos limitados em chorar. Ora, quem sofre, quem chora, quem se contrai em dores dentro si e não vê saída ou solução para o seu pesar, não vê outra senão chorar. São as convicções interiores acerca da vida, do eu... Convicções estas que, no entanto, não têm a ver com o mundo de água e ar, com o mundo físico. Ela leva-nos a entender por meio dos sentidos que deveríamos ser capazes de ir além das lágrimas. Assim, se lamenta. É o lamento de todos nós...